RIO - Mesmo com as transformações sociais e econômicas da última
década, alguns municípios do Brasil ainda não chegaram ao século XXI. O
dado é do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). De acordo
com o estudo, os 500 municípios com menores IFDMs estavam, em 2011, 13
anos atrás dos 500 na liderança do ranking. O índice analisa três áreas —
Educação, Saúde e Emprego e Renda — e varia entre 0 e 1. Quanto mais
perto de 1, melhor.
Segundo o levantamento, em 2011, o IFDM do
Brasil foi de 0,7320 pontos, 1,8% maior do que em 2010. Os indicadores
de Saúde e Educação melhoraram em 65% e 81% das cidades,
respectivamente.O indicador Emprego e Renda, no entanto, recuou: em
2011, a geração de empregos foi 23% menor do que no ano anterior.
Mas,
ainda que o país tenha avançado, a desigualdade entre as regiões cai em
ritmo lento. Sul e Sudeste concentravam as cidades com maiores índices
de desenvolvimento — São Paulo ocupava as dez primeiras posições do
ranking. Entre as capitais, o Rio aparecia em 9º lugar, tendo atingido
status de alto desenvolvimento. O Centro-Oeste, pela primeira vez, não
teve nenhuma cidade com baixo desenvolvimento. Mas Norte e Nordeste
tinham apenas três cidades com alto desenvolvimento: Palmas, no
Tocantins, e Euzébio e Sobral, no Ceará. Os últimos dez colocados no
ranking geral eram dessas regiões.
Santa Rosa do Purus, no Acre,
com pouco mais de quatro mil habitantes, segundo o Censo 2010, tinha a
pontuação mais baixa do Brasil. De acordo com o estudo, por lá, a nota
média do Ideb era 24,4% inferior à nota média nacional. Na Saúde, a taxa
de óbito de menores de 5 anos por causas evitáveis foi quase quatro
vezes maior que a média nacional. Além disso, entre 2008 e 2011, a
geração de emprego formal no município foi nula.
— Mesmo com o
país tendo avançado, são dois "Brasis". Houve uma mudança significativa
entre 2000 e 2010, mas o Brasil ainda tem desafios, quando comparado com
o mundo e também com as regiões mais desenvolvidas do país — diz
Guilherme Mercês, gerente de Estudos Econômicos da Firjan.
Médica e
professora da UFRJ, Ligia Bahia acredita que, para diminuir a
disparidade regional, é necessário que haja prioridade orçamentária e de
recursos humanos:
— Sem planejamento, sem articulação entre o
social e o crescimento econômico, essa desigualdade não acaba. Não
adianta só repassar verba, não pode ficar mais achando que política
social é melhorar renda e só. Se melhora a renda e não melhora, por
exemplo, a qualidade da Saúde oferecida, em algumas cidades a pessoa vai
continuar morrendo sem diagnóstico. Diminuir a disparidade é dar também
mais chance de sobrevivência, de uma vida melhor.
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